Projetos de Detectives Climáticos 2018-2019

Tópico do projecto: Mudanças climáticas

Título do projeto: Lagoa Almargem

Equipe: Guardiões do tempo

2018-2019   Agrupamento Dr.º Laura Ayres - EB 2,3 de Quarteira n.2   Quarteira   Portugal   20 A idade do aluno: 10-11


Resumo do projeto

A Ribeira do Almargem tem um regime sazonal sofrendo grandes variações do nível da água sendo por vezes reduzida ao canal principal (menos de 2m) e termina numa pequena lagoa costeira, rodeada por manchas de pinheiro, terrenos agrícolas e uma estreita barreira dunar. Esta lagoa é uma Reserva Ecológica Nacional utilizada como área de alimentação e repouso para cerca de 38 espécies de aves aquáticas. Com o escoamento das águas pluviais, toda a superfície da lagoa fica inundada. Durante o verão, os canais menos profundos secam e na zona central surgem bancos de areia. Durante a maior parte do ano a lagoa está isolada do mar, no entanto durante o período de marés vivas e tempestades, é frequente a ultrapassagem da barreira dunar e a entrada de água salgada. Esta lagoa está completamente dependente da quantidade de água que lhe chega, quer do mar, quer do rio que a alimenta. Desta forma, os fenómenos climáticos extremos têm tido efeitos drásticos neste ecossistema. Para estudar o impacto destas alterações, analisámos imagens de satélite (https://www.sentinel-hub.com/explore/eobrowser), registos meteorológicos, relatório do IPCC, relatório da AMAL (Comunidade Intermunicipal do Algarve), Avaliação das Zonas Húmidas do Algarve e jornais para fazer um estudo comparativo sobre as alterações da lagoa em diferentes épocas do ano e em diferentes anos, dos quais houve registo de fenómenos meteorológicos extremos. Foram analisados os dados de vegetação, precipitação e temperatura dos últimos anos. Após esta análise tornou-se necessário efetuar uma saída de campo ao local para recolher fotografias/amostras e validar "in situ" estes registos (foi elaborado um Guia de Campo para orientar a exploração de campo). As fotos e amostras recolhidas (água, areias, vegetação) foram analisadas e trabalhadas em sala de aula. O trabalho desenvolvido contou sempre com o apoio de professores da Universidade do Algarve especialistas em Dinâmica Costeira e Alterações Climáticas, a colaboração da Junta de Freguesia de Quarteira e foi desenvolvido em interdisciplinaridade envolvendo a disciplina dos alunos di-versos.

Principais resultados

Os dados mostraram que em períodos de seca extrema há uma redução significativa do caudal e a temperatura da água aumenta significativamente provocando a morte de numerosos peixes e de algumas aves aquáticas cuja nidificação ocorre na vegetação da lagoa (foram identificadas várias espécies de aves aquáticas). Durante a exploração de campo, observou-se que a vegetação apresenta diferenças significativas ao longo da lagoa: a zona norte apresenta uma maior densidade de cobertura vegetal, as margens este/oeste vegetação típica de sapal enquanto que na zona sul se encontra vegetação típica de duna. Foi possível identificar várias espécies de aves aquáticas, bem como a pressão urbana a que o rio e a lagoa estão sujeitos. Os resultados apontam para uma necessidade urgente de conservação. A pressão urbana a que toda a área está submetida e o assoreamento das linhas de água que abastecem a lagoa (observado na saída de campo) impedem a garantia de um abastecimento constante de água doce para a manutenção da biodiversidade. Esta inconstância no abastecimento de água é visível nos vários canais constituídos por uma extensa área de caniçal (que se encontra ou inundada ou quase seca) e nos vários mapas gerados pela análise de imagens de satélite. Os registos meteorológicos analisados, bem como as projecções futuras, apontam para um aumento da temperatura média global e para uma diminuição da precipitação progressiva. Estes factores conjugados provocaram alterações no volume de água e têm um enorme impacto na lagoa e na sua biodiversidade. Por outro lado, alguns fenómenos meteorológicos extremos, como os de 2015 e 2018, podem levar a cheias e inundações que rompem a barreira arenosa e permitem a substituição parcial do corpo lagunar. Além disso, os dados destacam alterações na morfologia da lagoa devido à intensa e contínua interferência antrópica no norte (drenagem e aterros) ligada às atividades agrícolas e à expansão urbano-turística.

Ações para ajudar a amenizar o problema

Não podemos fazer nada para combater as alterações climáticas, mas como estas alterações são causadas pela ação do homem, decidimos concentrar as nossas acções na sensibilização da nossa comunidade local. Para isso, numa primeira fase, divulgámos o projeto e partilhámos com as entidades locais e com a comunidade em geral os resultados da nossa investigação, bem como sugestões de medidas que poderiam atenuar alguns efeitos das alterações climáticas. Estas acções foram apresentadas numa sessão pública no Centro Autónomo de Quarteira. "A conservação da natureza, a proteção dos espaços naturais e da paisagem, a preservação das espécies da fauna e da flora e dos seus habitats naturais, a manutenção dos equilíbrios ecológicos e a proteção dos recursos naturais contra todas as formas de degradação são objectivos de interesse público", de acordo com o artigo 1º do Decreto-Lei nº 19/93, de 23 de janeiro. Desta forma, a proteção do ecossistema do rio e da albufeira de Almargem deve ser garantida pelas autoridades competentes e os Guardiões do Tempo fizeram questão de o deixar bem claro. Pelo exposto, torna-se claro que toda a biodiversidade da lagoa é extremamente vulnerável e dependente de uma boa gestão das linhas de água, bem como da sua área envolvente. A limpeza das linhas de água e a não construção a montante podem ajudar a mitigar alguns dos efeitos das alterações climáticas que se têm feito sentir. Assim, desafiámos as autarquias locais a participarem numa ação de limpeza das linhas de água e da lagoa, permitindo a desobstrução e desaguamento das linhas de água e sensibilizando para a necessidade de evitar o aumento da área urbana.

Link do projeto:

https://planetalgarve.com/2019/03/24/alunos-de-quarteira-escolhem-a-lagoa-do-almargem-para-estudarem-as-alteracoes-climaticas/

Vídeo do projeto

https://youtu.be/_t2H8AzIB_w


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